Há tão pouco tempo, inventávamos peças teatrais,
coreografias, fazíamos música e poesia, somente pelo prazer. Somente. Era uma
época em que tinha quem pagasse nossas contas e nos desse de vestir e de comer:
nossos pais na maioria dos casos.
O tempo foi passando e agente continuou com o mesmo
prazer acrescido da vontade de saciar nossas necessidades com o nossos produtos
que tanto aprendemos a fazer e distribuir. Obviamente, não deixamos de estar
nas lutas, mas, ganhamos habilidades de sobrevivência com as próprias
vivências.
Muitos abandonaram a essência cultural por falta de
oportunidade ou por não acreditar no seu próprio instrumento de vida assim como
faz o professor, o juiz, o cantor ou qualquer outro profissional, que tem incentivo
carimbado, ao contrário do artista. Mas, nem isso, nos fez desistir.
Nesse meio tempo, aprendemos a conviver com as
adversidades e vimos figuras que nasceram da luta do povo ocupar espaços nos
Poderes e se voltar contra sua criação, para demonstrar serventia a reis e
rainha que não tem nenhuma índole com nada, a não ser o pagamento de um salário
amargo e corruptor. É possível, estar a frente de determinadas situação sem
negar as origens, faz parte do caráter e da formação de cada um de nós que
topamos tais desafios.
Contudo, atualmente Janduís não fica de fora dessa maré que
vai e vem. E nós, continuamos vivos, criando nossos filhos, produzindo e
expandindo o que mais aprendemos a fazer juntos e encangados: arte e cultura
pra um povo que necessita sempre. O tempo passa, e tenhamos certeza “Em algum
lugar sempre existirá um bom lugar pra gente se encontrar”, como escreveu o
poeta em memória, Aurino Santos.