Estou Agente da Casa de Cultura Popular Vapor das Artes em Janduís desde 2008, quando o Partido dos Trabalhadores – PT, me fez o convite para exercer tal função. Foi um susto, pois era coordenador de cultura do município e achava que aquele cargo era tudo. Aprendia muita coisa boa e via muita coisa desinteressante que era possível relevar.
Aceitei a condição de ser Agente da Casa de Cultura de Janduís. No exercício comecei a ver o quanto é prazeroso conhecer novos horizontes, novos rumos, sem perder a compostura ou exercer papel espinhoso, até porque minha formação não me envereda por esse caminho da luxuria, vaidade ou ambição.
Foi aí que conheci outros companheiros de outras casas que lutam pela cultura de suas cidades com unhas e dentes, tendo que enfrentar a fúria de prefeitos fascinados por cargos, como é o caso de Junhão em Jardim do Seridó. Dodora e Custódio em Caicó sabem a luta que enfrentam pela casa; Monalisa, Samira e outra colega enfrentam dificuldades em Caraúbas.
Em Umarizal, Jardeu mata um leão por dia pra tentar manter aquele espaço tão maravilhoso ignorado pelo Poder local. Em Martins, Eliní e João seguem também sem os bons olhos do Poder Público. Josival em Pau dos Ferros espera por uma ação municipal que ainda não chegou. Macau, Cruzeta, São José do Campestre e outras cidades enfrentam dilemas parecidos.
Muitos municípios ainda não entenderam o seu verdadeiro papel para com as Casas de Cultura, uma vez que o estado garante o prédio, funcionário e até um mínimo recurso a ser utilizado, mas parece que a caça aos agentes é incessável. Será o Benedito?
Em Campo Grande, Neuracy conta com o apoio de Antonio Gentil, um gentil filho de Campo Grande que gosta de sua terra e contribui com a Casa. Em Viçosa, Florânia e Grossos os Agentes ainda contam com ASG e vigia cedidos pelo município.
Aqui em Janduís buscamos entendimentos diplomáticos, já que politicamente não se fala mais a mesma língua, em busca de uma integração município/estado agregado aos grupos culturais. Tenho que lavar banheiros, salas, varrer auditório e fazer todo serviço de limpeza. Pra mim já é satisfatório uma vez que me identifico demais com a luta.
No último encontro dos Agentes de Cultura em Natal, que ocorreu entre 31/05 e 02/06 debatemos sobre nossas firmezas psicológicas. Debatemos que aprendemos a ser grandes e fortes diante de situações que jamais pensávamos enfrentar. Olhamos uns pros outros e pedimos paciência uns aos outros. Afinal, tudo passa.
Avaliando todas as situações vividas no nosso estado sob as Casas de Cultura é uma pena perder tempo correndo atrás daquilo que não agrega e não soma. Não precisamos dar tapinhas nas costas, dar abraços de urso uns nos outros pra tudo ocorrer como manda o figurino. Basta atitude, respeito e compromisso com a causa pública. Buscamos uma reconstrução diplomática em Janduís. É possível?
Uma proposta está no ar, “...Resta agora decidir, matar a sede que nos mata e nos arrasta para uma arena desigual onde o boi é o bandido e a platéia o oprimido varal...” (Ray Lima)