Elaboração de projetos culturais, assessoria técnica em gestão pública, palestras, oficinas de teatro, palhaço e captação de recursos, elaboração de textos teatrais, direção teatral e muito mais.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Escambo, um olhar a mais...

Enquanto sonhávamos acordados no Escambo de Fortaleza/CE, um homem da rua dormia com fome num banco da praça do Ferreiro (Foto a direita).
Foto: Diego Tavares
Movimento Escambo Popular Livre de Rua é um dos poucos movimentos culturais em atividade no Brasil atualmente. Esse movimento que nasceu em Janduís através de uma ação política de combate aos coronéis em 1991 e a calamidade pública. Venho acompanhando a todos desde 1994 como artista e vejo as significativas transformações culturais e sociais.

E esse olhar, só enxerga quem está dentro das favelas, dos becos, convivendo com gente como a gente. Muitos que estão nos gabinetes tentam bloquear as atividades contidas, onde os artistas se apresentam e dão oficinas por comida, água e transporte. Pura demonstração de demagogia ética, social e moral.

Me refiro a cidade de Fortaleza, que os grupos precisam de alvará pra irem às praças que já são deles. Em Natal, quem quiser ir a apresentar nas praças tem que pagar R$ 17,50. Às vezes, uma rodada de chapéu cai cinco, oito ou dez reais. No Rio de Janeiro, Recife o tratamento no é diferente.

Enquanto os maiores investimentos das empresas vão pros clubes, Copa do Mundo, teatro de palco, filmes, ficamos a espera dos Editais do Governo Federal e em casos do Governo Estadual. Tanto tempo de história e tem coisas que ainda são piores que o inicio dos anos 90. Até nós artistas vamos ficar a espera de uma política de cultura de verdade dentro dos municípios?

Acredito que se o Escambo fosse vendido em troca de votos, favores e tivesse um dono, não nos faltariam padrinhos e lideranças ao nosso redor. Já fizemos muito por pessoas que entram na política por uma porta e chuta a gente pela chaminé. Como não temos direção, hierarquia, mandante somos ainda uma nação forte se cabrestos e sem coleiras.

A discussão cultural precisa avançar em nossas cidades, nossas regiões e em nossos estados. Já mostramos que nossos compromissos são mais com a comunidade do que com a mediocridade daqueles que ainda não enxergam os novos tempos e as mudanças na cabeça do nosso povo.