Sair da rotina e do seio familiar por cinqüenta dias em busca de realizações com arte pública de rua é algo esplendido e desafiador. Não é fácil. Insistir numa atividade em que a grande maioria desiste é dizer sim a um mundo cada vez mais oculto e que precisa ser descoberto.
Deixamos as preciosidades e buscamos respostas praquilo que não entendemos quando apenas falamos. Dividir tarefas de trabalho, levar algo politizado e questionador à platéia, sentir saudade, ter medos, caminhar quilômetros, correr riscos estão nesse balaio.
O Escambo em Travessia me fez ver que em casa é preciso saber fazer a nossa comida, a lavar os pratos que aguardam a mãe cansada pra executar a limpeza. É limpar um banheiro que é usado por todos e compartilhar das mesas ações para que haja maior interação coletiva.
Conhecer novas pessoas que pensam parecido, que discutem um mundo melhor são coisas que se agregam e somam na nossa caminhada. Não é fácil abdicar a toda uma rotina em busca de aperfeiçoamentos na prática e no diálogo de outras localidades.
O pensamento nas atividades e o coração nos filhos, nos pais, nos amigos e nas pessoas que nos enchem de alegria pelo compromisso com o que fazemos e com queremos pro futuro das artes. Escambar numa travessia será sempre uma incógnita que descobrimos a cada dia em nossas constantes andanças.